A vida é cheia de lembranças,
boas e ruins e elas marcam nossa história, é por isso que aproveito para
homenagear o homem que mais marcou a minha vida, o Sr. Liberalino Nunes. Homem
simples, filho de empregada doméstica que desde cedo aprendeu que a vida não é
fácil, ainda pequeno os dois, ele e minha avó moram de casa em casa, a aos oito
anos de idade já começava a trabalhar.
Cresceu lá pelos lados dos Campos Elíseos, trabalhador, pois
nestas situações que podemos dizer que Deus prepara, conhece a jovem Olga,
filha de policial e crente que freqüentava a Primeira Igreja Batista em São
Paulo. No início do namoro não entrava na Igreja somente ia buscá-la a porta,
mas a Graça de Deus um dia o alcançou entrou e depois de alguns anos se
batizou.
Creio que muito de seus anos são frutos da benção bíblica
de honrar pai e mãe, pois assim que casou sempre amparou sua mãe, mesmo tendo mais uma irmã e um irmão que
viveram com o pai, sua mãe, enquanto viveu sempre teve o amparo do filho.
Depois de casado vem os filhos, três mulheres e eu o
caçula, nasci quando tinha 42 anos, me lembro de várias coisas desde a minha infância,
devia eu ter uns cinco anos o esperava quando chegava da faculdade, lá pelas 11
horas da noite, ele então ia jantar e na mesa da cozinha conversávamos.
Dentre tantas lembranças sempre me recordo dos jogos do
futebol no quintal de casa, das bolas de capotão que comprava (e foram várias)
para jogar com meus amigos na rua, das vezes que fui trabalhar com você, ora na
Nadir Figueiredo como vendedor, ora na polícia na sua repartição.
Mas nada se compara ao homem reto e digno e honesto, sempre
com o coração que é maior do que o seu tamanho, muito nos ensinou. Não posso me
esquecer de que desde cedo o acompanhei nos seus trabalhos missionários, mesmo
trabalhando a semana toda não tinha preguiça de todo fim de semana pegar a
estrada e pregar o Evangelho.
Deste seu amor por Deus, surgiram quatro Igrejas, e
também foi desta época que surgiu o meu apelido de “pastorzinho”, pois sempre
andava junto com você. O tempo foi passando, chegou a sua aposentadoria, e com
ela a possibilidade de servir a Deus de forma mais livre e intensa.
Eu cheguei à adolescência e juventude, fase para nós dois
um pouco conturbada, às vezes nos desentendemos, mas é normal e da idade, posso
dizer que fomos normais, erramos e nos perdoamos, e nisso você foi ganhado
netos e eles também passaram a trazer alegria e mais vida a você e a mamãe.
Mas eu cresci de fato e chega à hora de deixar pai e mãe
e lá fui eu morar nos EUA, parti para novos desafios.
Mas um mês e meio depois que fui embora recebi uma
ligação de que a mamãe tinha ido para o hospital, as semanas passam e o quadro
vai ficando cada vez mais difícil, meu coração aperta a cada dia, até que no
final de março, venho ao Brasil, passo uma semana, saio daqui com o quadro dela
estável, mas depois que fui embora, o quadro só piorou, minhas ligações eram
diárias e sua voz era o meu parâmetro, dias ruins para todos nós, até que em
Julho na minha chegada ela parte, e pudemos juntos viver aquele momento.
Doloroso, mas a vida continuava e você foi para os EUA
comigo e estava lá quando descobrimos que eu seria pai e você avô mais uma vez,
Priscilla estava a caminho, procurei entender o quanto foi doloroso aquele
tempo, afinal viver quase 50 anos ao lado de alguém e perder não deve ser fácil.
Veio o câncer, mas você resistiu bravamente, sem seqüelas
segue a vida, hoje já é bisavo e com seus quase 85 anos ainda nos ensina que a
vida é cheia de coisas boas, e que com Deus vale a pena viver, seu neto caçula,
Nathan me disse outro dia “E muito legar
brincar com o vovô.”
Na verdade pai, eu
acho que ainda tem muitos anos de vida, mas quero fazer este tributo a
você neste dia, afinal você está cheio de vida, mas de
verdade queria escrever, para dizer que
te AMO, Deus te abençoe.